Pular para o conteúdo principal

We're Not Lonely But We Miss You

 




Dia 25 de Maio de 2011 recebi uma notícia que me deixou muito triste : 
Minha banda favorita, Silverchair, anunciou separação por tempo indeterminado .

Indeterminado é uma palavra que não aprecio, pois é algo muito relativo 
e inconstante . Pode significar dias, meses, anos ... Para quem é fã, indeterminado é sinônimo de eternidade e fã que é fã gosta de viver no presente e não no futuro . 

Após 10 anos de “Stand By” esta incógnita musical terminou.

No dia 20/10/2021 Daniel Johns, vocalista do Silverchair, numa entrevista para um canal australiano revelou que não há possibilidade alguma de um retorno do grupo. Johns disse que essas discussões o abalaram psicologicamente e declarou que os fãs provavelmente nunca mais o verão se apresentar ao vivo com a banda.

Há tempos que aguardávamos o lançamento de um novo álbum 
e tínhamos o anseio de vê-los novamente em solo brasileiro .
 Receber este comunicado foi algo devastador para os “chairmaníacos".

Gosto muito de diversas bandas de rock, contudo, Silverchair é a minha favorita por diversos fatores . Além do talento excepcional dos rapazes, em especial do vocalista e guitarrista Daniel Johns , eles estão na minha preferência por fortes fatores emocionais . Acho que nenhuma outra banda me proporcionou tantos sentimentos em ebulição (paixão, admiração, frustração, raiva, surpresa, amor ... – risos) .

Existe uma linha muito tênue que separada um ídolo de seus fãs e pude perceber isso conforme esse misto sentimental foi aumentando com o passar do tempo . Diferente de outras bandas que também admiro muito onde seus integrantes já eram adultos, com o Silverchair tive a oportunidade de amadurecer juntamente com Daniel, Ben e Chris, torcer por cada conquista, rir com as entrevistas desbocadas, chorar com seus problemas pessoais e cultivar um grande carinho ... 
Carinho que costumamos sentir por aquele amigo de nossa grande estima .




E foi esse vínculo que crie com meus ídolos : De “grandes amigos”.
 Silverchair fez parte da minha vida e de minha prima Fernanda de forma intrínseca . Com Silverchair escutamos a mesma canção cem vezes seguida sem enjoar 
(nesse caso foi a canção "Steam Will Rise".  Aquela batida é hipnotica!!   - risos), sentimos dor no estômago vendo a apresentação da banda no Rock In Rio 3 pela TV como se fosse uma apresentação ao vivo (Céus ... o Johns é louco de pedra!! 
Quem teve a oportunidade de ver o show sabe do que estou falando ... rsrsrs), rezamos pela reabilitação do Daniel diante as adversidades de sua saúde, 
passamos um dia inesquecível no Credicard Hall para prestigiar o show da turnê "Across The Night" ... Um show que esperamos 16 horas na fila debaixo de Sol, frio, com muita canseira para acompanhar cada detalhe minuciosamente na grade . 

Preciosas e inesquecíveis lembranças ...  = )




Algumas pessoas podem não compreender essa conexão e achar tudo isso um exagero . É difícil explicar algo assim ... Acredito que só sentindo. 
É estranho gostar e admirar tanto pessoas que não fazem a mínima idéia 
da sua existência e, mesmo assim, ser grato a elas por de um modo 
ou de outro fazerem parte de sua vida .

Depois de anos acompanhando os passos da banda, acabei fazendo uma recapitulação mental de tudo o que aconteceu durante esse tempo ...




A trajetória desses jovens australianos deu início com “Frogstomp”, álbum que já demonstrava o talento e profissionalismo de Johns, Gillies e Joannou, apesar da pouca idade, e que trouxe grandes hits como “Israel’s Son”, “Pure Massacre”, e em especial, “Tomorrow” com fortes características do grunge .






Esta influência sonora manteve-se no segundo álbum ,“Freak Show”. 
Segundo Daniel Johns, Freak foi uma “explosão da fúria da adolescência”. 
Sua mistura de letras e sons fortes cativa até hoje os fãs de um rock mais pesado, mais agressivo. A maneira “tensa e intensa” para falar sobre temas como drogas, abuso infantil, preconceito social entre outras coisas polêmicas 
tornou-se uma característica marcante da banda .






Apesar do som ainda carregar a força do grunge, o álbum trouxe também novas influencias e instrumentos como no caso da minha faixa favorita “Petrol & Chiorine”,  onde a melodia melancólica dessa canção é o resultado da exótica combinação de guitarra, baixo, bateria com instrumentos indianos e também mostrou a suavidade dos violinos misturados ao clima “dark” da música “Cemetery".





E é claro que eu não poderia deixar de citar a faixa que leva o nome do álbum: “Freak”, um grande ícone para todos os “Chairfãs”! 
Uma música poderosa e marcante! Quem já não cantou o refrão:
 “Body and soul, I'm a freak, I'm a freak” ... ? = )

Já o terceiro álbum, “Neon Ballroom”, foi o inicio do “estilo Silverchair”, 
fugindo das raízes grunges, criando novos sons baseados na mistura de instrumentos e aparelhos novos, eletrônicos e experimentais com instrumentos tradicionais, clássicos ou orquestrais . Daí a inspiração para o nome do álbum: "Neon", representando o novo, e "Ballroom" o tradicional, 
fazendo deste um trabalho mais conceitual .




Esse amadurecimento musical fez a critica enxergar e respeitar o Silverchair não apenas como “garotos que gostavam de Offspring, Led Zeppelin e Black Sabbath” e “soavam como Nirvana e Pearl Jam”, mas sim como músicos de verdade.

Apartir da “era Neon", Daniel Johns, mesmo sofrendo graves problemas de saúde, direcionou a banda para esse novo momento profissional, mostrando com apenas 18 anos uma mente brilhante por meio de um som poderoso com composições expressivas, inteligentes e bastante autobiográficas.




A música “Anthem For The 2000” tornou-se um dos “hinos” do Silverchair, juntamente com as faixas “Ana's Song (Open Fire)" e a famossísima "Miss You Love”, porém, minha favorita é a faixa “Black Tangled Heart” . Essa música é simplesmente MA-RA-VI-LHO-SA!! Sua composição é misteriosa, profunda e me encanta . 
É uma mistura perfeita da suavidade com a força ... 
Da doce melodia da harpa com o poder dos acordes da guitarra .

Assim como “Emotion Sickness”, esta música simboliza o início da fase experimental da banda que foi fortalecida com o surgimento do quarto álbum: “Diorama".




Diorama foi inovador desde o Encarte até mesmo seu nome e significado. 
Neste trabalho Daniel Johns assumiu o papel de co-produtor e descreveu o álbum como "um mundo dentro de um mundo". Tudo foi pensado de maneira inteligente e minuciosa: os arranjos, as composições, os vocais . Até mesmo Brian Wilson, 
do Beach Boys, não poupou elogios e a própria crítica australiana disse 
que o mesmo era mais artístico que os anteriores .

Diorama fugiu totalmente do convecional que os fãs estavam habituados 
trazendo canções com orquestras, aliadas ao excelente som 
da guitarra de Daniel, da bateria de Ben e do baixo de Chris mostrando 
o auge da maturidade artística dos jovens músicos australianos .





Diorama é um álbum fantástico. Os fãs mais saudosos da “pegada mais Rock N´Roll” podem alegrar-se com as faixas " The Greatest View”, “One Way Mule”, 
"Too Much of Not Enough” e “The Lever". Já as faixas “Across the Night" e 
"Tuna In The Brine” são o ponto central das primorosas modificações sonoras do Silverchair . Estas músicas são simplesmente geniais .

O Silverchair sempre deu uma “pausa” de um trabalho para outro.
 Depois do fabuloso Diorama, eis que surge o quinto álbum da banda, 
após 5 anos de espera: Young Modern .






No começo estranhei muito YM chegando a ter raiva dele por ser inovador demais!! Rsrsrsr Estava diferente demais!! Nem parecia mais o Chair!! (risos) .

Depois de me habituar a essas repentinas mudanças sonoras que o Silverchair costuma fazer, comecei a gostar do álbum, apesar de ainda preferir Neon Ballroom e Diorama, que foram o ápice a inspiração criativa da banda . De todos, é o trabalho que menos aprecio, tanto que é a primeira vez que num álbum do Silverchair tem uma faixa que eu não gosto: “All Across The World" (odeio essa música!!! 
É muito chata!!! Parece um velório aquele coral!! Rsrsrs Estragou o álbum!! 
Sou fã mas, admito também quando não gosto ... – risos)





Musicalmente falando, destaco as faixas “ Mind Reader" e "Those Thieving Birds (Part 1) / Strange Behaviour / Those Thieving Birds (Part 2)". Algo em Young Modern me lembra a sonoridade da música de artistas dos anos 60, 70 como é o caso da música “Low”, que em sua introdução soa-me como a canção “My Sweet Lord” de George Harrison. Além disso, YM faz fortes referências ao mundo das artes plásticas como nos clipes das faixas "If You Keep Losing Sleep” e “Reflections Of A Sound” que mostram claramente a influência de obras de Salvador Dalí, René Magritte e do estilo Dadaísta. O próprio Encarte é uma releitura das pinturas de Piet Mondrian .

Acredito que o nome do álbum surgiu devidamente por causa de todas essas influências, o que combinou perfeitamente com a idéia em questão .

São poucos os artistas que possuem qualidade, criatividade e coragem para criar seu próprio estilo musical, fugindo do certo, do previsível, do comercial . Mesmo ouvindo duras críticas, mesmo desagradando os fãs mais conservadores, o Silverchair nunca teve medo de arriscar-se e é exatamente essa ousadia que sempre me encantou .

Silverchair é uma banda que sempre se reinventou ... 
Cada álbum possuiu características próprias, únicas, passando a sensação 
que foram feitos por bandas totalmente distintas .





Depois do breve resumo da carreira desses “jovens modernos” e 
do quão foram importantes para Nanda e para mim, posso dizer que estou triste. Porém, não resolvi escrever esse texto com o intuito de um “adeus”. 

Tenho esperança que isso sejam apenas umas “férias musicais prolongadas”, 
um momento de reflexão na busca de novas inspirações artísticas e uma oportunidade para reencontrar o equilíbrio físico, mental e espiritual 
perdidos por consequencia da fama precoce .
 
Essas "férias" irão fazer muito bem para o Daniel Johns , 
que atualmente tem produzido trilhas sonoras de filmes, 
além de dedicar-se a um interessante projeto de Podcasts, onde irá falar 
a respeito da sua trajetoria como artista e contará com a presença 
de outras personalidades. Os fãs terão a oportunidade de conferir 
uma outra faceta desse talentoso australiano .

O cenário musical anda tão carente de artistas originais e criativos. 
Não quero sentir-me “órfã” e me despedir de uma banda tão estupenda 
que me proporcionou momentos inigualáveis de alegria e satisfação . 
Por isso encerro essa postagem com uma das últimas gravações do Silverchair : 
um “B-side” desconhecido para a grande maioria do público.
 
Talvez por ser uma música criada na era "Young Modern"  faz a canção refletir as influencias dos anos 60, 70 soando algo meio nostálgico, característico dos Beatles . 
Não sei ... Posso estar delirando, mas é uma opinião pessoal .

Escolhi essa música mais pelo conteúdo da letra do que pela melodia em si . 
É estranho, mas essa composição tem um “q” profético ... 
Não sei se foi escrita propositalmente ou de uma forma inconsciente . 
Só sei que se enquadra perfeitamente nesta ocasião ... 

Apenas sei que nós,  fãs do Silverchair , 
“Não estamos sozinhos, mas sentimos sua falta"...



We're Not Lonely But We Miss You




Bye bye, don't cry
 I hear you lying now that everyone is playing here in time
My my, don't cry
I'm broken overtime I'm wide awake and never close my eyes

You don't wanna know what its like to be stuck like wind to bone
And I don't wanna know what its like to be left here on my own

I wait to get you away from souvenirs these rumours 
here have never really shown
I knew a man who sailed into Japan he said 
he wants to drown and be alone

You don't wanna know what its like to be stuck like wind to bone
And I don't wanna know what it's like to be left here on my own

What's new, we're not lonely but we miss you.

Too bad, I'm glad, I'm never really sad, 
you need to know when you can pull the shift
Deny, that's why, I never say goodbye and every word's a temporary plea

You don't wanna know what its like to be stuck like wind to bone
And I don't wanna know what it's like to be left here on my own
You don't wanna know what its like to be stuck like wind to bone 
And I don't wanna what it's liketo be left here on my own

What's new, we're not lonely but we miss you .




Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

“Shi” Likes Rock N´Roll ...

                                            HÃ ??? Você gosta de Rock ?? Não parece ...  O que ??? Você escuta Heavy Metal ?? Eu não acredito !!!! Já perdi a conta de quantas vezes ouvi frases com essas indagações . Acho que já até me acostumei com a expressão de espanto estampada no rosto  das pessoas quando revelo meus gostos musicais . Porém, a té hoje acho engraçado as pessoas ficarem admiradas  quando digo que gosto de Rock. Será por causa das minhas roupas cor de rosa ou do meu modo delicado de falar?  Porque é necessário corresponder um estereótipo idealizado pela maioria  das pessoas para se gostar de certo gênero musical ? Quer dizer que preciso usar um vestuário preto e com spikes, falar obscenidades, beber até a exaustão para apreciar o bom e velho Rock N´Roll ? As pessoas nunca deveriam julgar um livro pela capa . Ou um CD pelo encarte ...  Minha fragilidade pode esconder uma força que muitos desconhecem. Não me julgue antes de realmente conhecer minha essência . Para aquel

Doces Beijos ...

  Dizem que uma atitude vale mais do que mil palavras .  Sendo assim, um beijo pode expressar mil e um significados ...  Tudo depende da intensidade e do modo como vai beijar .  O beijo é algo mutável e transforma-se naquilo que desejamos .  Pode assumir um novo aspecto por meio de belas palavras como nos poemas escritos por Olavo Bilac, Carlos Drummond de Andrade e Manuel Bandeira .  Pode também nos sensibilizar, transfigurado num misto de letra e melodia,  como na doce canção “Kiss Me” da banda Sixpence None The Richer,  na comovente música “Last Kiss” da banda Pearl Jam ou ainda na encantadora sonoridade e simplicidade rimada de “Beija Eu” da cantora Marisa Monte .  Last Kiss - Pearl Jam O beijo já foi tema abordado das mais diversas formas artísticas .  Na pintura, retratou de maneira terna e um tanto pudica os amantes de  Gustav Klimt, mostrou no casal pincelado por Francesco Hayez um exemplo do verdadeiro romantismo histórico, além de revelar a sedução e o pecado  dos bordéis fra

Ponte Metálica ...

Quem me conhece sabe que no dia 03 de Maio do ano de 2008  passei por um momento delicado em minha vida : o falecimento de meu pai.  Comentei sobre o ocorrido na minha postagem entitulada  Vida Após Vida  . Na época de sua transição, acabei escrevendo uma poesia.  Como não é possível arrancar do peito aquilo que me alegra ou angustia,  transfiguro sentimentos em palavras e assim meu lado poetiza vem à tona.  Este Domingo será mais um Dia dos Pais sem o meu pai...  Pelo menos, em sua forma física porque em espírito sei que ele está presente.  E se recordar é viver, você sempre estará vivo dentro do meu coração... Te amo, Dunguinha! Feliz Dia dos Pais. Ponte Metálica Retratos desbotados no armário Guardam vestígios de uma história Desfechos do passado estagnado Arquivos perdidos na memória Gosto amargo do sentimento Surgi na sutil forma Na face se transforma Gota que transluz dor e amor Lágrimas revelam feridas Alma que ainda cicatriza Trazem à tona toda alegria Imagens felizes de inesqu